segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Trovadorismo na atualidade: a Literatura de cordel

A poesia trovadoresca se apresenta em dois gêneros essenciais: o lírico amoroso e o satírico. As produções poéticas implicavam uma estreita aliança entre a poesia, a música, o canto e a dança. Daí o nome "cantiga", sempre com acompanhamento musical, mais precisamente, instrumentos de corda como viola, alaúde, harpa, saltério, entre outros. A presença de refrão, nessas poesias, atesta a presença de um coro e, por esse motivo, não podemos pensar nessas produções medievais sem o acompanhamento musical. As poesias nada mais são do que canções; versos cantados.

Já o nome "Literatura de Cordel" é derivado do fato de serem folhetos presos por um pequeno cordel ou barbante, em exposição nos lugares onde eram vendidos. Cabe ressaltar que, esse tipo de literatura também marcou a cultura francesa, onde era chamada de "littèrature de colportage". Na Espanha, eram os “pliegos sueltos” e em Portugal, “folhas volantes”. No local escolhido, o vendedor, em geral o próprio autor, declama ou canta em voz alta parte do texto para divulgar suas obras. Muitos poetas também fazem desafios, isto é, disputas em versos rimados feitos de improviso em que, alternadamente, inventam versos com os quais se auto-elogiam ou satirizam o cantador rival. 

O início da Literatura de Cordel está ligado à divulgação de histórias tradicionais (narrativas de velhas épocas) na Grécia antiga, na Europa Medieval, ou simplesmente na imaginação criadora dos povos e que a memória popular foi conservando, transmitindo. São os chamados romances de cavalaria, de amor, de crimes, de narrativas de guerras ou viagens, ou conquistas marítimas

Abaixo temos um exemplo da literatura de cordel. Nos versos de José Martins dos Santos, percebemos a crítica bem humorada aos costumes da “moça namoradeira”:


Aconselho às moças donzelas 
Que vivem na maganagem 
Que desprezem a malandragem 
E o namoro das janelas 
Vá lavar suas panelas, 
Talher, prato e frigideira, 
Tenho visto moça solteira 
Com os malandros abraçada 
Termina sendo falada 
A moça namoradeira. 
(...) 
Também moça que dança 
Se não quiser chumbregar 
Quando o rapaz lhe chamar 
Não deixe encostar a pança 
Se não o malvado avança 
E grita: eita madeira 
E chama prá ribanceira 
P’ra qualquer canto escuro 
Termina em mau futuro 
A moça namoradeira. 
(...)

O cordel acima, pode, de certa forma, ser comparado às cantigas de escárnio e de maldizer que apresentavam críticas a determinados costumes da sociedade - e esse é apenas um exemplo dentre muitos outros.


No Trovadorismo, os trovadores iam de castelos em castelos, cidades e cidades difundindo seus versos; suas cantigas. O mesmo acontece com a Literatura de Cordel: os cantadores ambulantes se encarregam de levar seus versos a outros lugares, cidades, feiras etc. Os cordelistas são os grandes narradores da vida local e cabe a eles a reprodução e a divulgação de fatos sociais, políticos, econômicos, etc. Tal como acontecia na Idade Média com os trovadores.


Referências:

ALGERI, Nelvi Malokowsky. A poesia trovadoresca e suas relações com a literatura de cordel e a música contemporânea. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_nelvi_malokowsky.pdf> Acesso em 26 de Setembro de 2016.

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