segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Eros x Caritas: uma tensão com origem medieval

Ao se falar do amor presente, entre outros locais, nas cantinas trovadorescas, encontra-se tipos distintos: o Eros e o Caritas. Mas o que os definem? Como eles se diferenciam? E de que forma isso se evidencia nas cantigas?

Primeiramente, comecemos com a explicação do que são. O Eros é originado a partir do pensamento platônico e lembra o amor romântico — aquele que talvez seja o mais próximo deste conhecido atualmente. Este tipo de amor está ligado à falta, ou seja, ao sofrimento; é aquele amor que busca ser alcançado. Por outro lado, o amor Caritas, também chamado de ágape, é um amor que está atrelado ao bem do outro, muito próximo do humanismo cristão. Assim, gostar de alguém é amar esta pessoa incondicionalmente e só lhe fazer o bem. O amado nada mais é, para o amante, que alguém a quem ele deseja fazer o bem.

Vale ainda analisar que o Eros muito está associado ao amor instintivo físico, estando ao lado do prazer corpóreo visto como natural. Atrelado ao "pathos" (emoção), esse tipo de amor se revela em oposição ao amor espiritual e cristão evidenciado no Caritas, atrelado, por sua vez, ao "logos" (razão). Este está intrinsecamente ligado ao amor cortês de distância que na maioria das vezes não se concretiza. Nas cantigas de amor, por exemplo, em que se encontra um trovador abaixo da sua senhor, o amor se mostra inatingível e, destarte, há a realização espiritual como contentamento longínquo.

É de conhecimento de todos que na história da humanidade há sempre um choque entre a tradição e os novos valores que estão sendo instaurados. Assim, não é de se assustar que muitas batalhas ideológicas tenham sido travadas por anos, décadas e até mesmo séculos. O mesmo ocorre aqui: esses dois tipos de amor se expressam de maneiras distintas e muitas vezes são colocados um frente ao outro. A depender da época e do autor, valoriza-se mais um do que o outro —o que apenas reforça como os dois são importante na sociedade.


Referências Bibliográficas: 
*Aulas ministradas pelo professor Fernando Fiorese na matéria Estudos Literários II, na UFJF
OLTRAMARI, Leandro Castro. Amor e conjugalidade na contemporaneidade: uma revisão de Literatura. Maringá, v. 14, n. 4, p. 669-677, out./dez. 2009.

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